segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Transcrição - DELEUZE, Gilles - A LÓGICA DO SENTIDO


DELEUZE, Gilles - A LÓGICA DO SENTIDO
GRUPO TRANSVERSAL

Da décima segunda série a décima sétima série – RENATA E VALÉRIA

Renata - ... com certeza nós lemos isso de uma forma bastante distinta também, não porque somos duas pessoas diferentes, mas porque, como estávamos comentando na hora do almoço, me parece bastante diferente o jeito que uma pessoa que estudou filosofia isso e uma pessoa que não estudou filosofia isso. Na verdade eu fico me perguntando como uma pessoa que não estudou filosofia isso... não, porque parece tão cheio de referências o texto... então tem duas coisas: ou eu sei a história da filosofia e fico fazendo, tentando fazer, esse diálogo interno que ele fica tentando fazer ou você se isenta dessas referências todas e a coisa, daí até fosse uma leitura na superficialidade e no bom sentido, no sentido que ele coloca do que ficar tentando as relações profundas da coisa... por mais que tentemos entender exatamente como o autor quis dizer, não vamos entender, então é uma aventura meio em vão né? Então, nesse sentido, eu não trouxe nada para explicar essas referências que ele faz no texto, por exemplo, o que o Kant falou, o que ele está dizendo que o Kant falou, enfim,então, no máximo, eu trouxe o Jaguadarte do Carroll, porque dele eu não podia deixar de ter que é sobre isso que está se montando esse jogo aqui, mas eu trouxe também no caso de alguém querer ver e a Valéria trouxe Silvia e Bruno como ilustração, pois está tudo em inglês... (traduções diferentes acerca do jaguadarte). Bom, eu estudo assim vou grifando algumas coisas no livro e nesse caderno fiz algumas anotações gerais, então aproveitando o ensejo de estar com a palavra para dizer que desde que fomos estudar o Deleuze no ano passado, eu tinha algumas idéias, não sei se vocês se lembram, que era totalmente contra essa idéia da lógica formal, dos três princípios, etc, desde aquele seminário que o Américo deu. Daí eu tive umas idéias e comecei a escrever um texto que não acabei de me dedicar a ele que pareceu que eu tinha umas idéias geniais, mas que na verdade, elas estão todas aqui... exatamente nesses capítulos, Deleuze conseguiu me copiar com uns sessenta anos de antecedência, então o Artaud não acusava o Carrol de estar copiando ele quase cem anos antes – a mesma coisa... (risadas). Mas, na verdade, o que acontece suscita algumas idéias ao longe que ele ainda não chegou na idéia aqui, mas ele suscitou em mim, embora essa obra seja anterior as obras que vínhamos lendo, que é sobre a questão da síntese disjuntiva que está muito bem explicada aqui, mas que eu prefiro chamar de disjunção inclusiva, então, como  eu estava apenas fazendo uma apresentação das metodologias... a Valéria, por sua vez, trouxe uma série de textos, contos e tal, nos quais ela foi pensando e se lembrando, conforme ela fazia as leituras, não explicitamente, algumas vezes sim, mas não do que ele cita aqui, mas de outras coisas...

Valéria – e não para exemplificar... porque enquanto eu lia, me lembrava de outras coisas, vai te remetendo a outras linguagens e de algumas coisas que eu consegui ir atrás, eu fui e fui fazendo a leitura desse jeito, não numa perspectiva de dar conta de tudo e de entender, porque existiram coisas que eu passei batido... mas no sentido de procurar fazer essas interlocuções com outras coisas que me chamaram atenção, mas não para exemplificar, mas para dialogar...

Renata então, essa questão do Paradoxo que está nessa série, o que estou percebendo é que o que ele fala nesse capítulo é um desdobramento do que ele fala na primeira página da primeira série, aquela que o trouxe... “o paradoxo não é a contradição, é onde nasce a contradição, a gênese da contradição e é o que vai destruir o bom senso e o senso comum”. Ele vai destruir o bom senso porque esse é um sentido único e vai destruir o senso comum porque este é a designação de uma identidade fixa. Então o paradoxo é a afirmação dos dois sentidos ao mesmo tempo e em duas direções ao mesmo tempo. , se você toma um sentido, como sendo o chamado “bom sentido”, você escolheu um como bom e tomar aquele, que o paradoxo não é você abandonar esse bom senso e pegar o lado oposto dele, o outro, de qualquer maneira se você fizesse isso, estaria optando por um, entre os dois e, portanto, fazendo a mesma coisa; então o paradoxo é você correr para os dois lados ao mesmo tempo, assumir os dois sentidos ao mesmo tempo e isso destrói essa idéia de sentido único do bom senso e também isso seria a instauração de uma identidade infinita que é contrária, ou melhor, que destrói a idéia de uma identidade fixa e que é o que o senso comum faz.

Valéria – e nessa parte do paradoxo, ele vai trabalhar bastante com a idéia de contrário, então ele traz a idéia de que o contrário do bom senso não é o outro sentido que seria o chamado “mau sentido”, então não é que não existe o contrário, mas ele não faz essa oposição, pois o contrário está presente na própria coisa que está acontecendo, são os dois sentidos ao mesmo tempo.

– é como ele fala sobre o não-senso, ele coloca que o não-senso, não é a falta de sentido...
Renata – bom, o paradoxo tem por característica ir, de fato, “nos dois sentidos ao mesmo tempo e tornar impossível uma identificação, é um devir-louco, é perder o nome próprioentão, é a destruição do bom senso e do senso comum, portanto, é oposto à Doxa, que é justamente formada pelo bom senso e senso comum. “Esta ordem do tempo, do passado ou futuro é, pois, instaurada com relação ao presente, isto é, uma relação a uma fase determinada do tempo escolhida do sistema individual considerado”. A identidade fixa é justamente essa coisa de inventar um eu fixo e sujeitar todo resto a isto. Isso é mais desenvolvido depois quando ele vai falar do Moi e do Je...

Valéria – daí, nesse momento que ele está trabalhando a questão do paradoxo, ele vai trazer a idéia do Aion e dizer da diferença entre o aion e o cronos e dizer que além de ser, é próprio do paradoxo, ter o dois sentidos ao mesmo tempo, é um passado e um futuro infinitamente subdividido e alongado; então o tempo não é o aion que está presente no paradoxo.

Renata – cronos é o tempo da nossa vidinha normal, entendida com bom senso no senso comum, essa diferença me lembrou que tem a ver com tomar os dois sentidos ao mesmo tempo e tem a ver com identidade infinita que não é uma identidade fixa, então que não é substantivo, nem adjetivo, mas é verbo no infinitivo, então existem vários filmes que eu me lembrei – O feitiço do tempoo cara acorda sempre no mesmo dia, mas esse dia nunca é o mesmo dia, é o mesmo dia cronologicamente, no calendário, mas o que acontece naquele dia é sempre diferente, que tem a ver com um outro que é O efeito borboleta que para mim é idêntico e tem a ver com a minha geração que é  De volta para o futuro. A idéia é a mesma porque você volta para algum momento da sua história passada, age de uma maneira diferente, modifica a história quando você volta para o futuro de onde você saiu inicialmente, não é mais o mesmo ponto porque você modificou antes... o que pira é que você se pergunta sobre o que aconteceu com a minha história antes, eu vi, ela estava , então o cara nunca volta para o mesmo ponto porque não é cronos.

Silviovocê relacionou esses filmes com o quê?

Renata com a diferença entre aion e cronos... “cronos é o presente que existe que faz do passado e do futuro, suas duas dimensões dirigidas tais que...”(página 80)

Silvio- sim, é que eu acho que todos esses filmes se relacionam com o registro do cronos...

Renatamas acho que eles te fazem pensar no aion (definição na mesma página)

Silvioentão, mas se você pega o feitiço do tempo, é um eterno presente, é sempre o agora, o mesmo dia, é o mesmo dia que nunca é o mesmo, mas é o mesmo; qual é o drama do filme? Que o cara não consegue sair daquele dia, ou seja, o sujeito quer ir em direção ao futuro, ele quer transformar aquele dia em passado, mas não consegue sair do presente e é a grande imagem de cronos, é a presentificação absoluta, você sempre fica no presente e por mais que se queira sair, você não sai.

Renata – e daí essa agonia que você percebe e mesmo que esse seja o absoluto cronos, ele me faz, por isso mesmo, pensar no aion, que é  o que faz o efeito borboleta, você está aqui, você volta dez anos e modifica a história, embora o de volta para o futuro seja uma coisa linear, mas no efeito borboleta não, é mais complicado porque ele sempre volta para um lugar que não é o seu de origem e salta para outros lugares, então não existe mais a idéia de origem e dentro desse tempo, ele não distingue o que é passado, futuro e presente... Então dentro desse tempo, a busca dele é pelo ponto em que ele vai solucionar as questões e nesse sentido, é que se perde essa noção prévia do que é passado, presente e futuro e perde-se o eu... quebra a consciência sartriana...

Valéria – tem um trecho do Borges que tem a ver com isso...

Silvio- mas o eu permanece ... bem, porque ele vai dizer que aion e cronos não se opõem, mas se complementam, ou melhor, se opõe e se complementam, são duas visões/percepções distintas de tempo. Se opõem por serem completamente diferentes, mas o mesmo tempo que se opõem, se complementam porque, se voltarmos aos Estóicos, temos o cronos como o tempo dos corpos e o aion como tempo dos acontecimentos e acho que o cinema por mais que tente ficar para além do tempo dos corpos, ele fica no tempo dos corpos... por exemplo no de volta para o futuro é sempre uma viagem do presente pelo passado e futuro...

- ... Deleuze trabalha as teses de Bergson sobre o movimento em relação a imagem, e trabalha essa questão do pensamento e imagem, conseqüentemente o cinema... e assim, o cinema permite esse contato porque você tem através da imagem do filme, uma captura para romper com o imediato...

Silviomas isso é na sua relação com o cinema...

mas quando ele trabalha a questão da montagem, enfim, da estrutura, do enquadramento, que é nessa montagem que se tem essa idéia...

Silvio – o problema é que ficamos aqui também nesse movimento de quebrar a linearidade, e o cinema, quanto mais se quebra essa linearidade, mais maluco fica o filme... se bem que temos mais uma questão da dissolução da identidade do que de tempo...

Valériamas eu estava pensando aqui, quando começamos essa discussão, na imagem que tivemos na semana passada do relógio. O cinema não sei se é isso também, nós é que não conseguimos olhar para o relógio porque sabemos o que ele vai dizer e com o cinema é assim também... em geral, no senso comum, nós vamos esperando uma história linear que dá a comercialidade do filme... em geral não se vai ao cinema não buscando isso...

sim, mas existem alguns filmes que tentam romper com essa lógica através da montagem, enfim...

Renata – no meu modo de entender  o que o Deleuze estava querendo fazer, faz e fez é propor uma outra visão de mundo, por isso propõe uma outra ação no mundo, então eu volto a insistir que o que ele está fazendo aqui é política, então aqui me parece que ele está anunciando uma coisa que ele fez depois no Mil platôs, ele fala do mundo, como o mundo é e depois começa a falar do mundo numa outra perspectiva, por isso que é tão difícil ler a filosofia do Deleuze porque ele escreve, ou tenta escrever na superfície, sem sujeitos e predicados, sem identidades fixas, sem órgãos, etc, mas a nossa cabeça funciona daquela maneira, a partir daquela lógica aristotélica...

Silvio- daí a pergunta é: porquê?

Valéria: mas é a mesma pergunta, por que a gente olha para o relógio esperando ver as horas daquele jeito e porque vamos para o cinema esperando ser contada uma história?

Renataporque tudo isso foi sendo construído assim...

Rita -  o Jung tem um livro hoje, comentando com uma amiga sobre o aion e ela comentou que o Jung tem um  livro sobre o aion e na semana passada quando você questionou como a psicologia daria conta disso, eu pensei que talvez o Jung pudesse dar com essa questão do inconsciente puro e tudo mais, talvez a gente não consiga viver isso, talvez os loucos, as crianças, os poetas vivam esse inconsciente enquanto nós estamos presos a tudo isso...

Silvio- daí o potencial revolucionário do esquizo, daí que eles vão escrever O anti-édipo chamando atenção para esse potencial do esquizo... se há alguma coisa que pode romper com o capitalismo é  exatamente o esquizo.

Renata exatamente, o que é uma outra lógica.

Rafael eu ainda não tive a oportunidade de ler O anti-édipo, mas estou começando a ler e estou fazendo um curso em São Paulo agora e estamos trabalhando esse livro. E a questão do Jung, eu não sei e ele apela meio que para questão da religiosidade, meio místico, ele até prega umas identidades fixas assim... não sei...

Silvio - achei interessante a Rita chamar atenção para o Jung, porque me parece ser a idéia do aion como o tempo do inconsciente, das simbologias, daquela lógica que rompe com essa coisa do racional...

Renata – ... propondo uma outra lógica, de alguma forma, tentando praticar uma coisa esquizofrênica dentro da racionalidade, do aceitável, dentro de uma filosofia, embora seja uma filosofia totalmente maldita e esquisitona e tal, é uma lógica da complicação e ele fala isso, é uma coisa muito mais ligada ao “vamos fazer” do que “vamos falar sobre o que seria e tentar entender” e isso que eu acho legal...

Valéria – será que é uma outra lógica ou será que não é uma lógica e ele não propõe uma outra lógica, ele pratica, ele faz.

Silvioele afirma que não há uma única lógica que há outras lógicas e que por exemplo você pode praticar essa lógica do paradoxo...

Renataele vai fazendo e é daí que você percebe que existe outras lógicas e tem uma parte muito bacana aqui desse documento que eu peguei na Internetpasso por email para vocêssobre a síntese disjuntiva, “a síntese disjuntiva ou disjunção inclusaou como eu prefiro a disjunção inclusiva – é o operador principal da filosofia de Deleuze, o conceito assinado entre todos, pouco importa que seja um monstro aos olhos dos chamados lógicos: Deleuze que definia de bom grado seu trabalho como a elaboração de uma lógica criticava a disciplina institucionalizada sob esse nome por reduzir exageradamente o campo do pensamento ao limitá-lo ao exercício pueril da recognição e por assim justificar o bom senso satisfeito e obtuso aos olhos do qual tudo o que da experiência abala os dois princípios de contradição do terceiro excluído é puro nada e vão, todo empreendimento de discernir o que quer que seja...” continuando... “o pensador é antes de tudo o clínico, decifrador sensível e paciente dos regimes de signos produzidos pela existência e segundo os quais ela se produz...” ou seja, o que me parece é assim, que esse é uma cara que resolveu falar do mundo de uma outra maneira de perceber, sem órgãos porque ele derruba o senso comum, o bom senso... esquartejamento do sujeito e peço licença para ler um pouco daquilo que eu escrevi... então retomando aquilo que acabamos de falar, é uma repetição e alguma outra coisa... “o possível, a realidade é o não-paradoxo – tudo que entendemos por realidade e possível é o não paradoxoo senso comum afirmando identidades fixas e o bom senso como sentido único, o reino do ou – o que seria a disjunção exclusivaa escolha de um sentido em detrimento do outro ou vice-versa, tanto faz, pois afirmar o sentido contrário é também afirmação de um sentido. O paradoxo, por sua vez, é a afirmação do dois sentidos ao mesmo tempo, isso destrói o bom senso e é, pois a identidade infinita, o devir louco, o furtar-se ao presente, nãoidentidades fixas é a perda do nome próprio, esquartejamento do sujeito, do mundo e de deuspágina 3 e 81 – que destrói o senso comum, designação de identidades fixas, eu, mundo, deus, azul, mesa, etc. A filosofia de Deleuze é a filosofia do paradoxo, ele escreve assim e assim quer falar das coisas e dos acontecimentos, mas para falar usam a linguagem e o pensamento e esses conseguem designar o possível, sujeitos e predicados, substantivos e adjetivos que prendem as coisas no mundo, onde o particular é o eu e o geral é deus. As identidades são fixas, há uma determinada sintaxe, suas regras, sedentárias, o reino do ou, a identificação da diversidade à forma do mesmo, por isso é tão difícil lê-lo... a linguagem e o pensamento reduzem o todo ao “mundo ou seja, tudo o que existe e o que se pode perceber, sem pensarmos o que é estilo e o que é perceber, enfim todas as possibilidades e diversidades, como ele fala, inclusive põe no plural... as diversidades são transformadas em mundo que é um todo significativo e fechado, agente fala sobre ele, pensa nele, tem o sujeito, o predicado, a sintaxe, as regras que são sedentárias, né? O paradoxo delata o pouco alcance de nossos instrumentos de designação e representação, criação do mundo, do que há, fazemos uma historinha com começo, meio e fim, com moral de sujeitos seguros de si, de bens e maus.” Escrevi isso conforme estava lendo esse capítulo sobre o paradoxo.

Valéria para fecharmos essa série do paradoxo, fiquei pensando numa coisa que me chamou bastante atenção que é que nessa série do paradoxo ele vai se remeter muito a questão dos sentidos, daí eu fiz aqui não como oposição, mas ele coloca dois aspectos do sentido, uma hora falando de uma jeito e outra falando de outro jeito, de um lado a série significante e de outro a série significada, de um lado as proposições e de outro o estado de coisas, ele não faz assim, mas eu é que para entender fiz assim... o lugar sem ocupante, o ocupante sem lugar... então, eu fiquei tentando entender e na página 84 ele vai dizer “o sentido em si mesmo é o objeto de paradoxos fundamentais que retomam as figuras do não senso...” e daí esses dois aspectos dos sentidos, que na verdade não são dois, são inúmeros e cada hora ele é  uma coisa, uma outra coisa. Ele é dois sentidos mas...

Renatapor isso que o paradoxo tem poder genético, né? Porque ele gera outros estados de coisas...

Valéria – e daí ele vai dizer na página 83 que esses dois aspectos do sentido é que permitem denominar um significante  e outro significado e que eu acho que  era uma coisa que nós não tínhamos falado...

Renata – daí na página 82 ele faz a referência literal à Alice com o chapeleiro e a lebre, os dois sentidos ao mesmo tempo, o paradoxo, o devir louco e o chapeleiro e a lebre e em contraposição a isso Humpty Dumpty que é a simplicidade real, o doador dos sentidos, tanto que na história é ele quem vai traduzir o Jaguardarte para ela, porque ele chega e diz que ouviu um poema mas não entendeu nada, ele fala manda  e ela vai falando e ele vai traduzindo, são as palavras-valise, do que foram formadas e tal, portanto, ele é o doador de sentido... é muito fofo porque ele parece um ovo, ela diz lindo cinto e ele fica super ofendido porque na verdade é uma gravata porque você não consegue identificar onde é o pescoço e onde é a cintura... mas como ela é esperta, logo diz: ah não desculpa a gravata  e  é muito legal essa parte... enfim, o Humpty Dumpty , nas singularidades, nada começa ou acaba, tudo vai no sentido do futuro e do passado ao mesmo tempo. Não é de surpreender que o paradoxo seja a potência do inconsciente, ele se passa sempre entre-dois das consciências, contra o bom senso ou às costas do senso comum... mas o paradoxo como paixão descobre que não podemos separar duas direções, que não podemos instaurar um senso único, nem um senso único para o sério do pensamento, para o trabalho, nem um senso invertido para as recreações dos jogos menores

Silvio então que estamos na contra-mão, na página 77 “Não diremos também que os paradoxos dão uma falsa imagem do pensamento, inverossímil e inutilmente complicada. Seria preciso ser muitosimplespara acreditar que o pensamento é um ato simples, claro para si mesmo, que não põe em jogo todas as potências do inconsciente e do não-senso no inconsciente. Os paradoxos são recreações quando os consideramos como iniciativas do pensamento; não quando os consideramos como “a paixão do pensamento”, descobrindo o que não pode ser senão pensado, o que não pode ser senão falado, que é também o inefável e o impensável, Vazio mental, Aion”. Acho que ele começa justamente colocando a força do paradoxo como mobilizador do pensamento, a importância do paradoxo é justamente o fato dele ser o disparador do pensamento; no senso comum nós não somos estimulados ao pensamento porque as coisas se passam exatamente como você espera que se passe e o paradoxo é justamente aquilo que, se formos pensar no Clássico da filosofia, o que te espanta, o espanto, e daí diante disso o questionamento de como é que fica, daí você é obrigado a pensar para conseguir equacionar essas coisas...

Renata – nesse livro aqui encontramos dois paradoxos na página 251 – o que a tartaruga disse a Aquiles  e um paradoxo lógico, um cara contando a conversa entre doistios”...

Valéria – trouxe também esse livro considerado de literatura infanto-juvenil e chamaclara manhã de quinta à noite” e daí fiquei pensando se o que está colocado aqui é um paradoxo nesse sentido ou será que é um livro que brinca com os contrários? Daí eu fiquei pensando se não seria essa segunda parte mesmo... e a ilustração é muita linda... vou contar... “Numa clara manhã de quinta-feira à noite, acordei e sonhei que tinha morrido; meu galo vermelho põe um ovo e me chama cocorocó  e me tira da cama; vesti a roupa para meu enterro, uma festa bem simples com muito luxo; os convidados contentes choram o tempo inteiro até os mais pobres cheios do dinheiro; quando a banda tocou gelatina de osso, todos nós sentamos para dançar, apareceu uma batata Argentina sem roupa com calça de gabardina; que bom ver você novamente – falei -  e a primeira vista me apaixonei, vamos comer que morro de sedeele disse – e de uma bocada comi o infeliz; veja o que fez comigo – gritou o crocodilo – comeu o estranho, meu melhor amigo; eu não fiz isso – sorri arrependida – e não vou fazer de novo é o que lhe digo; como tenho pressa, demoro a contar, a batata Argentina pudemos salvar, o crocodilo fez o nosso casamento e ficamos solteiros no mesmo momento; eu sabia, sabia, eu tinha certeza, por isso gritei muito surpresa: vem um bebê sem nenhum cabelo com um topete na testa como um novelo; eu sou mentirosa, mas a estória é verdade e o fim acontece antes da metade; se você acreditou nessa mentira verdadeira recomece do fim toda brincadeira”. Esse livro era de quando eu dava aula para as criancinhas... e quando elas iam ficando mais velhos, eles exigiam uma coisa mais séria, concreta, lógica, mas no geral, eles curtem bastante... Então, eu fiquei pensando e fui ler a estória de novo e pensei acho que esse não é o paradoxo que o Deleuze propõe, acho que a estória trabalha mais com a coisa dos contrários mesmo, mas tem momentos que eu acho que não são, por exemplo quando ela fala que come a batata e que  era o cara que ela tinha se apaixonado, o crocodilo que pede para salvar e por isso  que eu acho que tem horas que não cabe muito e fica legal, né?

Silvio – uma outra coisa interessante é esse movimento de contar a estória de traz para frente, você começa na morte e termina no nascimento, agora é interessante essa coisa de ver no sentido contrário  e continua sendo um sentido...

Renata sim, mas continua sendo um sentido e não os dois ao mesmo tempo, porque isso acontece quando se quebra essas regras do terceiro excluído e da não-contradição, sim, é sonho... pode ser e não ser ao mesmo tempo... eu vou ler esse pedaço que explica bem isso... “Desde os primórdios, a filosofia acredita que a razão opera segundo determinados princípios, seus próprios que concordam com a realidade, sendo por isso que podemos conhecê-la, vamos explicitar esses princípios básicos de toda lógica, pois acreditamos ser útil para a formação da idéia que nos propomos. O princípio da identidade é aquele que deve ser enunciado assim a é a ou o que é, é. Inicialmente pode nos parecer um tanto óbvio e talvez assim seja se usarmos esse princípio sem nos darmos conta dessa nossa , algo pode ser conhecido e pensado se mantiver a sua identidade, esse princípio é o que faz com que definamos uma coisa e possamos reconhecê-la enquanto tal. O segundo princípio é o da nãocontradição, cujo enunciado é a é a e é impossível que ao mesmo tempo e na mesma relação seja o não-a, sendo assim, por exemplo é impossível que meu cachorro seja meu e não ao mesmo tempo, ele pode não ser meu cachorro antes ou depois, mas não ao mesmo tempo. Afirmar e negar uma coisa ao mesmo tempo e na mesma relação gera uma mútua negação e, portanto, uma mútua destruição, sua inexistência, coisas contraditórias são portanto, segundo esse princípio, impensáveis, impossíveis. O princípio do terceiro excluído é enunciado da seguinte maneira: a é x, é minúsculo porque é predicado, ou a é y, não há uma terceira possibilidade, assim acreditamos que sempre há duas possibilidades ou isto, ou aquiloou x ou y – ou esta é minha mãe ou não é minha mãe; obriga-se que se escolha uma delas e uma como verdadeira. Sendo que aqui existe o sujeito e o predicado não as duas coisas ao mesmo tempo. Ainda temos o princípio da razão suficiente que considera que tudo que existe e acontece tem uma razão, uma causa ou um motivo, assim a partir desse princípio podemos afirmar que existem razões internas entre as coisas, seu enunciado pode ser dado a necessariamente se dará b ou dado b necessariamente houve a, isso não significa que a razão não possa admitir o acaso, mas mesmo para esse terá que encontrar uma razão e será restrita a um acidente e não-universal, não podendo ser generalizada. A disjunção inclusiva seria figurada pelo e, enquanto que a disjunção exclusiva seria figurada pelo ou. Essa lógica que eu apresentei é a tradicional, a do Deleuze é da do e, ao mesmo tempo. O e nesse sentido, ao mesmo tempo. Porque toda disjunção é exclusiva, assim a disjunção inclusiva é um paradoxo, como que você disjuntando vai estar incluindo, por isso é quase redundante falar disjunção exclusiva, mas ele fala justamente de disjunção inclusiva...

Fernandonão sei se o aion, o paradoxo, etc, são imagens, então em certa medida, eu acho que uma lógica exclui a outra, a lógica tradicional como se fosse uma imaginação, eu penso nisso porque o Espinosa quando ele vai falara de tempo, ele diz que é um conceito que a imaginação criou para conseguir esconder alguns problemas, mas o que existe é a eternidade, e pelo deslocamento da eternidade você cria alguns conceitos para explicar algumas coisas, mas é a imaginação, ela é equivocada porque ela te faz esquecer essa idéia de eternidade. E eu fico pensando se o que o Deleuze está procurando tratar ali não é dizer a quantidade de possibilidades e como há uma restrição...

Renatamas é isso que ele fala, essa restrição a existência do tempo ou a lingüiça são segmentos de reta que pode estar incluído nessa outra coisa que você está dizendo ou quer seja a eternidade ou isso que você fala que o Deleuze chama atenção sobre a restrição, então é uma coisa maior, a diversidade e também, você acha que não está contido?

Fernando – acho que não, pode ser um deslocamento do aion, uma racionalização... é mais importante ler a lógica do sentido pela percepção e não pela razão e eu acho que é isso... então, o Américo até estava me dizendo que ele foi entender o acontecimento quando ele viu uma ave, seu vôo enfim, é um rompimento com a lógica tradicional...

Valéria – nesse sentido, eu até me apego a uma frase do Deleuze quando ele diz que nós devíamos ler uma obra como ouvimos um disco, que eu acho fantástico porque tem coisa que se consegue perceber e tem outras que não e é percebido de outra maneira, enfim, tem coisas que entendemos, que esquecemos, etc.

Silviomas eu não quero escapar pela percepção não, eu quero racionalizar  um pouco sim, porque pegando essa coisa do Américo, o que ele fez foi uma sacanagem, “ah não estou entendendo nada, olhei o pássaro no céu e entendi o acontecimento...” então quando eu parei de racionalizar na linguagem, mas fui na percepção sensível e entendi tudo??? Não sei se é bem assim...
Fernando eu vejo o seguinte... se você pensar a partir da percepção, a possibilidade de você compreender pela percepção é mais, talvez seja mais viável do que pela razão, mas eu sugeri isso porque muitas vezes deixando a razão você rompe com a lógica tradicional...

Renatamas tem como de fato deixar a razão??

Fernando – acho que não, mas acredito que a razão e o afeto estão um no outro, uma coisa está na outra, não sei... mas talvez a percepção possibilite romper com as categorias da lógica formal, num determinado momento a percepção pode romper com a lógica formal.

mas veja , às vezes a percepção, depende de que percepção, foi nesse sentido que eu estava dizendo, falando do M.P porque ele trabalha a noção de profundidade num outro sentido porque o que está à margem da percepção e ele usa a palavraborda” é o não-percebível, então o que está à margem provoca o estranhamento e daí aquilo que você vai investigar o que é isso que está à margem, na profundidade, mas que tem uma superfície e você está sentindo e vai provocando um estranhamento na sua percepção e é que você vai buscar, mergulhar, quer dizer, de certo modo você vai viver também a sua inteligência, mas daí depende do seu conceito de inteligência, ela é racionalidade? Nesse caso, ela está trabalhando a partir do sentido, agora é diferente a percepção em si mesma, de repente ela pode simplesmente reproduzir o senso comum... então  daí a importância de você mergulhar na obra a partir de uma certa intensidade e de algumas questões provocarem certo estranhamento, provocar o seu sentido que você vai capturar ou não o sentido, mas de qualquer maneira eu acredito, acho interessante essa coisa que o Deleuze coloca sobre a música, acho que isso é para tudo na nossa vida e ele fala na primeira parte do livro que o sentido, ele é o primeiro, ele é anterior... por isso é que existem muitas pessoas que lêem e dizem que não entendem nada, mas dizem que é porque ela não entendeu o sentido da coisa, então se você não tiver acesso ao sentido complica, então por isso ao ler interpretar é você ter acesso ao sentido, se você não tiver acesso ao sentido você vai pegar o quê? O significado do termo, ou sei , então acho que a percepção, a razão, tudo passa pelo sentido.

Valéria – a Gláucia fez uma pergunta aqui – e anterior ao sentido, o que é?

Gláucia – porque o que eu quero saber é assim, se você tem contato com a coisa, mas não o sentido, o que é anterior ao que chamamos de sentido? É o estranhamento?

– pode ser, será que isso não é justamente o paradoxo? porque se você algo e não entendeu,   você continua a mesma pessoa, agora se você um texto, e...

Valéria – será, ?

Gláucia – uma obra de arte, por exemplo, as leituras que se faz...
Renata – então, mas com uma obra de arte é diferente, porque aqui por exemplo, você entende as palavras é português, você pode não entender, mas leu, você não pegou o sentido...

– e é justamente essa noção do paradoxo, o que estávamos falando em relação ao cinema, tem uma imagem que provoca estranhamento em relação ao sentido, você tem uma imagem, você reconhece cada objeto como real, mas a relação dele na imagem ou de uma palavra com outra você não pega, então é isso que te faz se perguntar, o que é isso? Qual o sentido disso? O que isso quer dizer? Então se você algo por exemplo um texto de jornal e pegou sua informação, não houve nenhuma mudança na sua forma de ser, então dependendo do tipo de texto ele trabalha no nível do senso comum e reproduz uma carta identidade que você conhece, agora um texto poético, um texto filosófico, dependendo de cada um desses textos, ele está justamente tentando nos colocar em contato com os paradoxos e talvez no sentido que nós poderíamos dizer, num sentido de uma meta-filosofia ou uma ontologia, então quer dizer uma filosofia que é capaz de dizer a gênese do sentido, então a lógica do sentido, pode ser a gênese do sentido, ou seja, é como nasce o sentido.

Gláuciaentão o que você estava falando anteriormente é de um pseudo-sentido, é isso?

não porque ele não usa essa noção de falso, mas você inclusive pode ter os absurdos, os equívocos, os erros e isso faz parte dessa noção de sentido no primeiro capítulo e relacionado ao verdadeiro e falso porque você pode fazer uma interpretação errada, mas aquilo tem sentido para você, então isso nos leva até a questão do erro, quer dizer não existe erro?não existe interpretação errada, equivocada, ou sem sentido, ou absurda? Então temos o senso comum, o bom senso, pode ter o absurdo, ou você pode ter uma obra poética que seja geradora de sentido, produtora de sentido e é por exemplo, na medida em que você um poema e se afeta e existem pessoas que não conseguem ler poesia... agora isso depende do seu momento, da intensidade, enfim, outras coisas que talvez vamos ver mais para frente...

Valéria – Silvio, naquele trecho que você leu na página 77, eu fiquei pensando aqui, quando ele fala da “paixão do pensamento descobrindo o que não pode ser senão pensado, o que pode ser senão falado que é também o inefável, o impensável, Vazio mental, Aion”, eu fiquei pensando no campo de imanência, o tempo do campo de imanência, seria o tempo do aion?

Silvio no “o que é a filosofia?” quando ele fala que não é uma sucessão de planos cronológicos, mas múltiplos planos existentes no aion...

Valéria -  então quando ele fala que tem um campo de imanência, tem um lugar, inclusive para os pensamentos não pensados, não que eles estejam  prontos, mas eles podem estar e ninguém pensou ou pode não ser pensado nunca, mas não significa que ele não exista...
Renata – então vamos mudar de série?

Valéria eu separei um trecho aqui dessa novela, o Milton trabalha com o laboratório OLHO, ele trabalha com imagens, nunca fiz disciplina com ele e não tenho muita interlocução, mas eu gosto bastante dessa novela e para vocês se contextualizarem, conta aqui que ele encontra uns manuscritos de um mercador de Veneza de 1800 e tanto e daí o mercador está contando de uma cidade que ele vai trocar mercadoria e ele vai numa época do ano em que a cidade funciona de um jeito completamente outro, de um jeito meio louco e tal, onde os sentidos acabam se misturando ou são entendidos de um outro jeito e é bem legal porque eu queria ter separado mais partes dessa novela e acabei separando duas... Como se todos os significados trazidos por ruídos ou falas tivessem sido arrebatados para uma região obscura. Os habitantes passam a se movimentar numa busca incessante de novos sons para falar coisas conhecidas, repentinamente indizíveis. Nos dias anteriores a este, tempos de aparente normalidade espalhados pela aldeia, encontram-se pessoas cuja função parece ser reveladores de significado...”
“... a pequena história sentimental de Marqueti revela a sua consciência de que, apesar de vir da sereníssima e bela Veneza era aqui em ? um ser incompleto, dono de um falar pobre e de milhares de palavras que nunca alcançavam o sentido das coisas, sua beleza está na busca impossível de trazer para as palavras, as cores, cheiros e sons dessa aldeia insólita e tornar-se digno de enamorar...”
tem a história de amor, tem o desfecho e no final ele vai falar...
novamente estamos impossibilitados de saber a duração do tempo desses acontecimentos. Conta-nos não ter experimentado nenhum problema de entendimento e comunicação e que também não se lembra se conversaram, se trocavam gestos ou se tudo isso era dispensável nesse lugar, sabe que não era mais visto como um estranho e acompanhou todos, enquanto agiram no tempo. O tom dessas ações era aquele da preparação de um ritual de construção de um momento importante por acontecer e esse foi ocupado por operações que aconteceram em diversas salas do estranho tempo”.

Renata  para desfecho... o Nietzsche... “mas como nos encontrar a nós mesmos? Como o homem pode se conhecer, trata-se de algo obscuro e velado e se a lebre tem sete peles, o homem pode bem se despojar setenta vezes das sete pele, mas nem assim poderia dizer- ah!, pois sim, eis o que você é verdadeiramente! nãomais o invólucro!” que é a questão da profundidade, que existe um eu profundo, mas isso terá que ficar para o próximo encontro.

Renata – (um à parte) ...podemos a partir daí, que ele está falando do Humpty Dumpty, da simplicidade real, que o paradoxo é a potência do consciente e tal... “podemos propor um quadro do desenvolvimento da linguagem em superfície e da doação do sentido na fronteira das proposições e das coisas. Tal quadro representa a organização dita secundária, própria à linguagem. Ele é animado pelo elemento paradoxal ou ponto aleatório  ao qual demos duplos-nomes diversos.E dá na mesma apresentar este elemento como percorrendo as duas séries na superfície ou como traçando entre as duas a linha reta do Aion. Ele é não-senso e define as duas figuras verbais do não-senso. Mas, justamente porque o não senso-se acha em uma relação interior original com o sentido, ele é também o que provê de sentido os termos de cada série: As posições relativas desses termos, uns com relação aos outros depende de uma posiçãoabsolutacom relação a ele. O sentido é sempre um efeito produzido nas séries pela instancia que as percorre. Eis porque o sentido, tal como é recolhido sobre o Aion, tem ele próprio duas faces que correspondem às faces dessimétricas do elemento paradoxal: uma, voltada para série determinada como significante; a outra, voltada para a série terminada como significada. O sentido  insiste em uma das séries (proposições): ele é o exprimível das proposições, mas não se confunde com as proposições que o exprimem. O sentido advém à outra série (estados de coisas): ele é o atributo dos estados de coisas, mas não se confunde com os estados de coisas com os quais ele se atribui, com as coisas e qualidades que o efetuam.  O que permite, pois, determinar tal série como significante e tal outra como significada, são precisamente os dois aspectos do sentido, insistência e extra-ser e os dois aspectos do não senso ou do elemento paradoxal do qual eles derivam, casa vazia e objeto supranumerário - lugar sem ocupante em uma série de ocupante sem lugar na outra e é por isso que o sentido em si mesmo é objeto de paradoxos fundamentais que retomam as figuras do não-senso, mas a adoção de sentido não se faz sem que sejam também determinadas condições de significação as quais os termos das séries, uma vez providos de sentidos, serão ulteriormente submetidos em uma organização terciária que os refere às leis das indicações e das manifestações possíveis (bom senso e senso comum). Este quadro de desdobramento total na superfície é necessariamente afetado em cada um desses pontos por uma extrema e persistente fragilidade.” Nada é mais frágil que a superfície...

Silvio mas veja, eu acho que é uma pegadinha legal aqui quando ele fala da fragilidade, ele começa a outra série dizendo que nada é mais frágil que a superfície e dá-nos a ilusão de que você tem ler a página 85 depois da 84, mas eu acho que você pode começar a ler a 85 e depois a 84... acho que não impede a compreensão(...)

Fonte: http://www.fe.unicamp.br/

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